Me apaixonei por um soropositivo. E agora?

casal-gay-soropositivo-aids-hivEntão você andava por aí distraído até que conhece o boy perfeito.

Alguém que pensa parecido, que tem os mesmos objetivos de vida, gosta das mesmas coisas, ri das mesmas piadas e para completar, como se já não fosse pedir demais, ainda é um baita gostoso.

Tudo parece tão lindo que “se melhorar estraga”.

Eis que, em um belo dia de sol, ele diz que vocês têm que conversar, te chama para tomar um café e te solta a bomba:

“Eu tenho HIV”

E, nessa mesma hora, o seu mundo desaba. O que parecia um conto de fadas imediatamente se torna um pesadelo, uma pedra no caminho com a qual você não sabe lidar.

Histórias assim são, infelizmente, bem comuns. Mas elas perdem de longe para o número de casos de gays infectados que desconhecem que têm a doença ou, simplesmente, a ignoram…

O que isso quer dizer?

Que, possivelmente, você já transou com outros muitos outros soropositivos antes, sem saber. Esse, ao menos, teve a decência e coragem de enfrentar e compartilhar a realidade com o seu parceiro.

Um amigo meu diz que “o HIV é uma doença de preconceito”.

E ele tem razão.

De fato, as pessoas ainda relacionam o vírus a Renato Russo, Cazuza ou a figuras com aparência debilitada e de comportamento promíscuo.

Mas quer saber a verdade?

Apesar de considerada uma doença grave, o HIV não é, já há algum tempo, uma doença letal.

Na prática, só o que muda é que os casais sorodiscordantes sabem exatamente a função e a importância da prevenção na hora do sexo – coisa que todo casal deveria saber.

É simples assim.

Existem muitos parceiros sorodiscordantes que vivem juntos, se previnem e têm uma vida sexual ativa e saudável.

Vale destacar que a chance de transmissão de HIV por um soropositivo com carga viral indetectável e fazendo seu tratamento corretamente – ou seja, tomando os antirretrovirais todos os dias – é praticamente NULA!

Exatamente!

É justamente por isso que não faz absolutamente nenhum sentido se desesperar no momento em que o seu crush disser que vive com HIV e que está com o seu vírus indetectável por conta do tratamento…

… ele, de verdade, está indetectável!

E para te ajudar a entender melhor os mistérios da maldita, aí vão algumas das dúvidas mais frequentes:

HIV e Aids são a mesma coisa?

Não!

O HIV é o vírus que causa a doença AIDS. Embora o HIV cause AIDS, uma pessoa pode ser infectada pelo HVI por muitos anos antes que desenvolva a doença.

Quanto tempo leva para o HIV causar a Aids?

Atualmente, o período médio entre a infecção pelo HIV e o aparecimento de sintomas é entre 8 e 11 anos, mas o vírus pode ser detectado no sangue do paciente entre algumas semanas e cerca de seis meses após a infecção.

O período entre a infecção e o aparecimento dos sintomas varia muito de pessoa para pessoa. Todos nós temos um organismo semelhante, porém cada um reage de uma forma distinta.

Hoje, há diversos tratamentos capazes de retardar o dano que o HIV faz ao organismo.

Um soropositivo sem AIDS pode transmitir o vírus?

Sim e sim!

O fato da pessoa portadora do HIV ainda não ter critérios para AIDS ou qualquer doença aparente não significa que ela não possa transmitir o vírus.

E agora? Ele deve parar de transar? 

Claro que não!

Sabemos que, muitas vezes, o sexo passa a ser um monstro para quem acabou de se tornar soropositivo. Daí o que era para ser algo bacana e simples vira um bicho de sete cabeças.

Mas não há motivos para tanto pânico.

Ao invés de adotar o celibato, o soropositivo deve colocar em prática todas as estratégias disponíveis para que seu vírus não seja transmitido para mais ninguém.

E isso inclui principalmente usar a camisinha de maneira consistente e tomar seus medicamentos antirretrovirais de maneira correta, com o objetivo de manter sempre sua carga viral indetectável. Fazendo isso, ele não estará colocando ninguém em risco de aquisição do seu vírus.

HIV tem cura?

Infelizmente, não!

Os antirretrovirais conseguem conter a infecção, mas ainda não são capazes de eliminar todos os vírus do organismo.

Como o vírus é transmitido?

O HIV é transmitido toda vez que um fluído contaminado entra em contato com alguma área do corpo vulnerável a invasões e, assim, atinge a circulação sanguínea.

O simples contato de sangue na pele não é suficiente para se contrair o HIV, contanto, claro, que a mesma esteja íntegra, ou seja, sem feridas.

Quais as chances de eu ser contaminado usando preservativo?

O preservativo possui estimada eficácia de 99%. Ou seja, a chance de transmissão do vírus é, digamos, quase a mesma de ser atingido por um cometa.

É possível pegar o vírus da AIDS por meio de sexo oral?

Sim, mas as chances são bem menores do que no sexo anal ou vaginal. É preciso que esperma ou secreções vaginais infectadas entrem em contato com a mucosa da boca.

Vale lembrar que os riscos de quem pratica o sexo oral são maiores do que quem recebe. Ou seja, há mais chance de contaminação quando o soropositivo está recebendo o sexo oral (sendo chupado), e não quando está fazendo o sexo oral (chupando).

Segundo os médicos, uma forma de reduzir as chances de contaminação é não ingerir os fluidos sexuais do parceiro.

E aquela gozada na coxa dele, é perigosa?

Não!

Esperma ou líquido vaginal contaminado com HIV não causa nada em pele sem mucosa – a não ser a necessidade de um bom banho. Saliva também está liberada, pode beijar sem medo.

Mas se eu beijar um HIV positivo que esteja com a boca sangrando?

Nesse caso existe um pequeno risco de transmissão, mas é preciso que seja um sangramento visível. Existe apenas 1 caso conhecido no mundo inteiro de transmissão do HIV dessa maneira.

O que traz mais riscos, sexo anal passivo ou sexo anal ativo?

O sexo passivo, tanto na via vaginal quanto anal, traz maior risco de contaminação. Isso não significa que o parceiro ativo também não corra riscos.

Marquei bobeira. Ainda tem alguma coisa que eu possa fazer?

Para começar, prometer a si mesmo que isso não vai se repetir. Depois, pouca gente sabe, mas existe algo que funciona como uma pílula do dia seguinte para o HIV.

Contudo, não se iluda: não é tão simples como comprar um comprimido na farmácia.

profilaxia pós-exposição consiste na utilização dos medicamentos que fazem parte do coquetel contra HIV e pode ser indicada só depois de uma avaliação médica. Ela só funciona se iniciada em até 72 horas a contar da suposta exposição ao vírus e mantida corretamente, seguindo as instruções médicas, ao longo de todos os dias das semanas seguintes – mesmo diante dos possíveis efeitos colaterais desagradáveis que podem surgir.

Se não houver indicação médica para o tratamento ou se o prazo de 72 horas for perdido, o jeito é seguir para o diagnóstico.

Vacilei e transei sem camisinha. Devo fazer os exames o quanto antes?

Sim que deve fazer os exames. Mas não o quanto antes.

Explico: para saber se está infectado ou não, o indivíduo deve esperar, em média, 60 dias após a exposição a uma situação de risco.

Esse período é chamado pelos médicos de “janela imunológica”, tempo necessário para que o organismo produza quantidade suficiente de anticorpos contra o vírus, a ponto de ser detectada pelos exames de sangue.

Se não curam, os tais coquetéis fazem o quê?

Os medicamentos, também conhecidos como antirretrovirais, inibem a multiplicação do vírus e/ou a entrada dele nas células.  Assim, aumentam a imunidade do infectado e diminuem o risco de ele ter doenças oportunistas.

Para combater o HIV, é necessário utilizar, todo dia, ao menos três antirretrovirais – que podem estar num só comprimido.

Manter baixo o volume de HIV no organismo também diminui bastante a chance de repassar o vírus adiante. O que não é motivo para sexo sem proteção, sempre bom ressaltar.

Conclusão

Se relacionar com um soropositivo é estar sempre preocupado em se contaminar?

Se ele estiver com o seu vírus indetectável por conta do tratamento, NÃO!

Aliás, é muito mais seguro, em relação à prevenção do HIV, transar com pessoas soropositivas e indetectáveis do que com pessoas que desconhecem sua sorologia.

Lembre-se: O tratamento, a camisinha e o teste são a melhores prevenções que você pode ter.