Que sair do armário não é nada fácil, todo mundo já sabe. Mas quer que eu te diga o que pode ser ainda mais assustador?
Assumir-se gay para um filho.
Da minha experiência ajudando homens gays que já estiveram em um casamento hétero a abrir as portas do closet, essa é sempre a parte mais temida do processo.
E o motivo, na maioria das vezes, também é o mesmo: o medo da rejeição.
Será que meu filho vai me odiar? Que não vai querer mais me ver? Será que vai pensar que eu nunca fui seu pai de verdade? Que a sua existência é uma farsa? Será que vai deixar de me amar?
Opa, opa! Muita calma nessa hora.
Vamos lá: amor é amor. Não tem cor. Não tem raça. Não tem sexo.
Se você ensinou esse princípio básico ao seu filho desde cedo, então, esteja tranquilo. Pode demorar, pode ser complicado, pode ser doloroso. Pode trazer brigas, choros e momentos de crise. Mas o sentimento estará lá, firme, mantendo o elo e comprovando que o amor sempre vence.
Não importa o formato da família, mas sim o carinho entre as pessoas que a compõe. Por isso, não sinta que você está prestes a desestruturar a sua.
Hétero ou gay, um casal pode se divorciar, mudar de cidade, de profissão, encontrar novos parceiros… E os filhos vão ter que lidar com essas situações. Amar é também compreender que nem sempre a vida segue o script que imaginamos.
Outro ponto bem importante: ser heterossexual não é, nem nunca será, um pré-requisito para ser pai.
Você não é pai porque sente (ou sentiu em algum momento da sua vida) atração por mulheres. Você é pai porque, acima de qualquer preferência, é homem e decidiu ter um filho. Você é pai porque ama, porque cria, porque acompanha, ensina, protege.
E nada disso vai mudar. Nunca!
Se você foi pai de verdade. Se educou seu filho com valores, com respeito. Se segurou a mão dele quando deu os primeiros passos. Se ajudou a levantar no primeiro tombo e mostrou o caminho certo. Se foi o seu herói, o seu porto seguro e mostrou que sempre estaria ali, não importa o que acontecesse…
Então, continuará sendo. Ele também estará ali para você. E não importa quem dorme no outro lado da sua cama.
Quando um pai não sai do armário, coloca os seus filhos também lá dentro
Alguns homens preferem manter em segredo a homossexualidade e ir levando a vida como dá. No anonimato.
Não querem ter essa conversa com os filhos, mas também não querem renunciar às novas experiências.
Justo. Essa é uma decisão completamente pessoal e você é livre para tomá-la. Contudo, esteja ciente de que ela tem um preço caro a se pagar.
Quando um pai não sai do armário por medo de perder o amor do filho, é exatamente o filho quem ele acaba renunciando. Inevitavelmente.
Pense só:
Além de viver se sentindo um criminoso, atento a qualquer passo para não ser desmascarado, você passará a evitar que o seu filho te visite. Que conheça os seus novos amigos. Que pergunte sobre a sua rotina, sobre a última viagem de férias…
No fim do dia, a relação de vocês não terá a mesma intimidade. O mesmo vínculo.
É por isso que eu digo:
Antes uma verdade que dói do que uma mentira que afasta
Não caia no erro de esconder do seu filho uma parte tão importante da sua vida. Isso seria o mesmo que esconder quem você é.
Ele tem, sim, o direto de saber sobre a sua sexualidade.
Não é sobre desejo. Nem sexo. Muito menos sobre aventuras do Grindr…
É uma questão de cumplicidade. Essa mesma que você fez questão de cultivar desde que ele nasceu.
Não traia a confiança de quem sempre teve você como maior modelo. Como referência para distinguir o certo do errado. Como exemplo incontestável de integridade….
Se ele for enganado sobre os seus relacionamentos amorosos, poderá considerar todo o resto que você ensinou também uma farsa.
Negando ao seu filho o direito de saber quem é e com quem se envolve, você estará também tirando dele o direito de ser, efetivamente, seu filho e participar dessa parte tão importante da sua vida.
Que bom filho você talvez esteja se privando de conhecer por medo de que ele te conheça. Já pensou nisso?
Uma verdade que possa doer é muito melhor que uma mentira. Vai por mim: a mentira será bem mais dolorosa depois da descoberta.
Pode ser que o seu filho te veja na rua dando bandeira com outro cara. Ou pior ainda: que algum amigo dele te veja (ou escute falar) e a sua homossexualidade acabe sendo revelada de uma maneira completamente inapropriada.
Viver uma vida dupla em silêncio tem dessas coisas. Você corre o risco de ser empurrado para fora do armário de uma forma muito mais dramática e abrupta. Para você e para ele.
Lembre-se: a homossexualidade só deverá ser aceitada. Uma mentira deverá ser perdoada.
7 dicas de como contar para o seu filho que você é gay
Primeiro de tudo, já aviso que, provavelmente, você vai adiar esse momento diversas vezes. Mas – antes que você deixe para a semana que vem, para o mês que vem ou, quem sabe, para o ano que vem – fica o conselho: pare de evitar o inevitável!
O relógio está correndo e é da sua vida que estamos falando.
Sua preocupação é compreensível, eu sei. Claro que a reação mais esperada de um filho ao descobrir que o pai é gay não é um salto de alegria. Mas também não precisa ser uma decepção amarga.
O que vai fazer a diferença aqui é a forma como essa criança/adolescente foi educada e os princípios que sempre nortearam suas concepções.
Não, não existe uma fórmula mágica capaz de garantir que o seu filho vai ter uma resposta positiva. Que, de imediato, vai levar o assunto numa boa e te admirar como antes.
Mas certo planejamento pode ajudar a aumentar significamente as suas chances de aceitação.
Além do mais, se tem uma coisa que eu aprendi ao longo desses anos é que o amor pode vencer qualquer barreira.
Então, vamos lá:
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1. Escolha o momento e o local apropriados
Escolha um lugar onde vocês possam ter privacidade, de preferência em casa.
Nada de aproveitar a ida naquele restaurante bacana para soltar a bomba. Esse momento é muito íntimo para dividir com o garçom e as pessoas das outras mesas…
A hora ideal para ter essa conversa também deve ser pensada.
Certifique-se de que ele não está passando por nenhuma barra no colégio/ faculdade/ trabalho ou no relacionamento. Dizer algo significante assim num período já complicado só irá deixá-lo mais nervoso e perdido.
É fundamental que seu filho esteja emocionalmente estável no dia e não estressado, distraído ou ocupado.
Assegure-se, também, de que vocês terão tempo para discutir o assunto. Por exemplo, se você está passando o final de semana com o seu filho, prefira contá-lo no sábado pela manhã (e não no caminho de volta para a casa da mãe dele).
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2. Fale com confiança
Você segue sendo o seu modelo de apoio, referência e de construção da identidade. Por isso, se você como pai se mostrar temeroso, envergonhado, validará os medos iniciais do seu filho e reforçará os seus pensamentos mais homofóbicos.
Agora, se ao contrário, você se mostrar seguro, confiante e feliz, o estará ajudando a vencer as suas objeções iniciais.
Transmita tranquilidade. Passe a mensagem de que tá tudo bem ser gay, que nada vai mudar.
Tudo que você precisa fazer é começar uma conversa franca e gentil. Assim como um dia foi a explicação sobre o fim do relacionamento com a mãe dele, por exemplo.
Conte de forma rápida, calma e objetiva. Mostre que você se aceita e espera que ele faça o mesmo.
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3. Seja simples ao falar
Muita gente prefere esperar até ter um relacionamento sério para, simplesmente, dizer ao filho: “Estou namorando. Quero te apresentar o fulano“.
Mas, se esse não é o seu caso, não dê meia voltas.
Diga: “Sou gay”. Simples assim!
Com um sorriso. Com carinho. Com sinceridade. Com orgulho.
Sim, orgulho! Não de ser gay ou hétero, mas de ter valores bem definidos e dizer ao seu filho a verdade. Orgulho de ser um pai maravilhoso. Sincero. Integro.
E, principalmente, orgulho de dar a lição mais bonita que existe: a importância de ser você mesmo.
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4. Não peça desculpas
Você não fez nada de errado. Pedir desculpas seria o mesmo que confirmar que ser gay não é certo.
Você pode se desculpar por ter demorado tanto tempo para falar (caso realmente isso tenha acontecido), mas jamais por ser quem realmente é.
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5. Reforce que você continuará sendo você
Ser gay é apenas um dos seus mil outros atributos. Deixe claro que você continua sendo a mesma pessoa, com as mesmas qualidades que ele sempre admirou.
E que, acima de qualquer coisa, você seguirá o amando do mesmo jeito. Que ele permanecerá a sua prioridade número 1 para o resto da sua vida.
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6. Escute e responda
Além de contar e explicar toda a situação para os filhos, os pais também precisam estar prontos para ouvir as dúvidas e inquietações que eles trouxerem.
Eles poderão pedir explicações sobre por que você esteve todo esse tempo com a sua mãe e só agora se definiu como homossexual.
Permita que esses questionamentos aconteçam. Será o momento de fazer os esclarecimentos necessários. De dizer que você amou a sua mulher, que foi feliz com ela, que ele (filho) é fruto de um amor que existiu, sim.
Só que agora, mais maduro, você decidiu viver a sua sexualidade de forma plena. Para ser uma melhor pessoa, um melhor pai. Mais consciente, mais livre, mais feliz.
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7. Tenha paciência
Lembre-se do tempo que VOCÊ demorou para aceitar a si mesmo. E dê ao seu filho a mesma oportunidade de aclarar as ideias.
Você fez a sua parte. Entenda a condição que, a partir de então, é o tempo dele que deverá ser respeitado.
O que vem depois?
Tá bom, mesmo depois de ler tudo isso, você continua com medo?
Medo que os amigos se afastem?
Medo de que a família te rejeite? De que não amem mais você como antes? De que você seja um motivo de humilhação para eles?
Então, saiba que você não está sozinho.
Conheça o Fora do Armário e descubra como você pode sair do armário da melhor maneira possível NA SUA SITUAÇÃO, seguindo simples (e estratégicos) passos.
O programa, testado e aprovado por muitos brasileiros, está dividido em 4 módulos, um para cada fase do processo de assumir-se gay. São instruções diretas e fáceis de colocar em prática.
Venha! Existe um mundo lindo te esperando do outro lado da porta 🙂
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